Como escolher um agente de cargas no Brasil?

Todas as vezes que se fala em negócios internacionais, um país latino-americano de 220 milhões de pessoas vem à tona por conta de seu tamanho continental e seu PIB expressivo. Este país é o Brasil, nação que está no TOP 15 das maiores economias globais e é um dos maiores exportadores de proteína do mundo.

Seu vasto território permite que se plante e cultive praticamente qualquer coisa, desde algodão, açúcar, madeira, carnes de todos os tipos, até minérios variados, o que o torna um potencial atrativo de negócios para agentes de cargas.

 

O que é um agente de cargas / NVOCC?

Um agente de cargas, também conhecido como NVOCC (Non-Vessel Operator and Common Carrier), é uma figura intermediária que negocia frete e espaço com armadores com o objetivo de atender importadores e exportadores. Por gerenciar um volume maior que os atuantes dos negócios internacionais individualmente, muitas vezes o agente de cargas consegue condições melhores que as empresas diretamente.

O mesmo ocorre no modal aéreo, os agentes de cargas compram espaço diretamente com as companhias aéreas e revendem ao mercado, podendo ser na modalidade frete spot, sem alocação de espaço, ou frete BSA (Blocked Space Agreement), em que o agente de cargas tem seu espaço exclusivo e fixo reservado com as companhias aéreas e paga por ele independentemente da existência de cargas.

Quais as principais atividades de um agente de cargas

Um agente de cargas é muito mais do que apenas um intermediário na cadeia de suprimentos. Ele oferece serviços que, na maioria das vezes, não são oferecidos pelos armadores e companhias aéreas diretamente para os importadores e exportadores, como um serviço acessório ou, em especial, um atendimento mais próximo do cliente.

Agente de cargas na importação

Na importação para o Brasil, os agentes de cargas têm uma participação em mais de 80% dos negócios (Fonte: Logcomex). O principal motivo é seu envolvimento com os processos, que diminui a perda de prazos e a demora na liberação de cargas.

Para se tornar agente de cargas de importação no Brasil basta constituir uma empresa e se cadastrar no sistema nacional de agentes de cargas, controlado pelo Siscarga, sistema do SISCOMEX, principal sistema para desembaraço aduaneiro brasileiro.

Agente de cargas na exportação

Na exportação, é mais comum que os agentes de cargas não apareçam nas estatísticas, já que não é obrigatória a menção de frete no conhecimento de embarque (ao contrário da importação, em que a informação se faz necessária).

Por não haver obrigação de menção do valor do frete no BL (Bill of Lading) ou AWB (Air Way Bill), os agentes de cargas trabalham como Booking Agents, apenas operacionalizando a exportação e não configurando como exportador do conhecimento de cargas master.

Como escolher um agente de cargas no Brasil

O primeiro ponto a se considerar é se o agente de cargas possui histórico de bom pagador. Para isso existem algumas ferramentas, como bancos de dados internacionais que registram reclamações de maus pagadores, lista de networks, referências que a empresa tenha sobre histórico, ou até armadores e companhias aéreas.

Riscos econômicos e políticos são comuns em países emergentes, e resultam em possíveis riscos financeiros às empresas, já que o Brasil adota uma política de câmbio flutuante que pode variar até 10% em uma mesma semana, dependendo da crise.

Comunicação

Talvez mais importante do que o histórico de pagamentos em si, a comunicação é fator determinante para se trabalhar com um agente de cargas no Brasil. Como é comum a incidência de multas por erros, omissões ou atrasos no trâmite de uma importação, receber informação sobre o processo com velocidade e precisão é imprescindível.

Maturidade da empresa

Para se trabalhar com um agente de cargas brasileiro é necessário averiguar se a empresa possui conhecimento e experiência em processos variados, seja no embarque em si ou nos serviços acessórios, como desembaraço aduaneiro, transporte rodoviário, armazenagem, seguro de cargas internacional, cargas superdimensionadas, cargas com controle de temperatura, entre outras.

Competitividade nas tarifas

Depois de checar como é a comunicação e experiência do agente brasileiro, é importante saber qual o nível de competitividade ele oferece. Não adianta ele ser comunicativo e experiente, se não consegue alcançar níveis satisfatórios de mercado para atender seus clientes.

Neste caso, solicitar cotações completas e enviar feedbacks sobre as ofertas podem ajudar a construir um relacionamento de confiança que ajude a alcançar propostas mais competitivas para negócios que ainda acontecerão.

Confiabilidade

Com o avançar dos trabalhos, é possível criar confiança com agentes de cargas parceiros, contudo, no momento da escolha não há maneiras de saber se a empresa é confiável. Neste momento, vale a pena solicitar referências de mercado que podem partir de clientes, armadores, companhias aéreas, outros agentes pelo mundo, referências bancárias ou de conhecidos em comum.

Importante lembrar que ninguém vai informar um contato de referência com quem tenha tido uma experiência ruim, então ainda que com boas referências, averigue todos os outros pontos de atenção que mencionamos. Boas referências podem ser um dos critérios de escolha, mas não o único.