Como exportar do Brasil para os EUA

Os Estados Unidos são hoje o segundo maior parceiro comercial brasileiro ficando atrás apenas da China.

A relação do Brasil com o gigante norte-americano é histórica, os EUA foram uma das primeiras nações a reconhecer a independência do nosso país em 1824.

Se sua empresa planeja explorar mais dessa relação e adentrar num dos principais mercados do mundo, temos certeza de que esse artigo irá lhe ajudar com dicas fundamentais para que suas exportações na terra do Tio Sam sejam um sucesso.

CENÁRIO COMERCIAL ENTRE BRASIL E ESTADOS UNIDOS

Para conseguirmos visualizar com mais precisão as possibilidades e cuidados que o mercado estadunidense oferece, vamos antes “dar um zoom out” e analisar o panorama da balança comercial entre as duas economias.

Dados da balança comercial de 2021 deixaram os exportadores brasileiros animados.

O Brasil bateu o recorde histórico em volume comercial exportado aos EUA, chegando ao patamar de US$31,1 bilhões.

Esse valor de exportação, se comparado ao ano de 2020, representou um aumento de 45%. Mesmo se considerarmos que 2020 foi um ano atípico por conta da pandemia, o montante exportado em 21 não pode ser minimizado.

Os principais fatores que impulsionaram esse crescimento foi o aumento da demanda interna americana e os elevados preços de alguns setores brasileiros como o siderúrgico e de petróleo.

Dentre os produtos com maior relevância nos volumes exportados, estão os produtos semiacabados de ferro e aço, petróleo bruto, aeronaves, ferro-gusa, o café não torrado e a celulose. Além destes, alguns produtos com menor valor agregado, porém que são movimentados em grandes quantidades, experimentaram uma alta adesão do mercado americano como a madeira para a construção civil americana, por exemplo.

QUAIS OS PRIMEIROS PASSOS?

Ao iniciar a expansão de negócios nos Estados Unidos, se a sua empresa ainda não conta com profissionais com know-how neste mercado, o primeiro passo seria encontrar empresas especializadas em solo americano. Outro passo importante é contratar profissionais-chave que já tenham essa experiência.

Além das empresas de assessoria comercial e logística, algumas organizações cuja finalidade é fomentar as vendas internacionais brasileiras podem trazer o auxílio que o seu negócio precisa nos momentos iniciais.

Esse é o caso da Apex-Brasil e da Invest Export Brasil que funciona como uma espécie de vitrine internacional para exportadores brasileiros.

Depois de estruturada a sua equipe de profissionais e parceiros estratégicos, uma boa forma de se preparar é conhecer mais afundo alguns aspectos da legislação aduaneira americana e os principais documentos envolvidos na operação de exportação.

Outro ponto crucial nos momentos iniciais da negociação é a definição de qual INCOTERM será utilizado, operações DDP por exemplo envolvem muitos riscos e cuidados necessários, que fazem deste termo de negociação um dos mais caros na hora de formular o preço final negociado.

PRINCIPAIS CUIDADOS COM LEGISLAÇÃO

Um primeiro cuidado é estudar o tipo de tratamento legal dado ao produto específico que será comercializado. Os Estados Unidos possuem seu próprio sistema de classificação fiscal de mercadorias denominado Harmonized Tariff Schedule of the United States (HTSUS).

Dependendo da classificação da mercadoria exportada na tabela aduaneira americana, haverá a exigência de documentação específica e estará sujeita a tributos também aplicáveis especificamente.

Devido aos atentados ocorridos em 11 de Setembro de 2001, o Governo norte-americano criou uma regra de que a Autoridade Aduaneira Americana deverá ser notificada de toda carga que será exportada para o país 24 horas antes do embarque desta, para prévia análise e devidos tratamentos aduaneiros.

Um outro aspecto legal a ser observado é a exigência por parte da Aduana americana da contratação de um Bond, que é um seguro obrigatório para qualquer mercadoria importada nos Estados Unidos.

PRINCIPAIS DOCUMENTOS

Dentro de uma operação de Comércio Exterior diversos documentos são necessários, mas operações envolvendo os Estados Unidos fogem um pouco do padrão e precisam ter muita atenção por parte dos exportadores.

Os principais documentos são:

Comercial Invoice (CI) – Este é o mais importante dos documentos envolvidos, contém as informações que serão consideradas pela aduana brasileira e norte-americana para devidas conferências e aplicações legais;

Packing List (PL) – O chamado romaneio de carga com informações detalhadas da carga transportada, muito importante para definição de manuseios, embalagem e transporte do produto;

Importer Security Filing (ISF) – É o registro exigido pela Customs and Border Protection (CBP – US) para todas as mercadorias que entram nos Estados Unidos. Neste registro constam pelo menos 12 informações de caráter aduaneiro para que a liberação da carga em solo americano seja realizada. Importante ressaltar que o ISF deve ser informado ao CBP pelo menos 24 horas antes do embarque da carga;

Power of Attorney (POA) – Este documento é muito necessário principalmente em operações DDP, em que o exportador fica responsável por todas as taxas de liberação no destino. A POA é uma procuração que o exportador emite autorizando um agente (despachante aduaneiro) americano a representá-lo perante a autoridade fiscal estadunidense;

Bond – Se trata do seguro obrigatório exigido para que seja autorizada a importação legal nos EUA. Importante destacar que somente é possível emitir o ISF e o POA com a apresentação de um Bond, que pode ser na modalidade Continuous Bond ou Single Bond;

Customs Entry – Ao receber a Arrival Notice (Aviso de Chegada) o despachante aduaneiro nos EUA dá entrada no registro de liberação da carga, neste momento é registrado o Customs Entry com todos dados aduaneiros e comerciais pertinentes à operação;

Entry Summary – Após registrar os dados de Customs (desembaraço da carga) havendo a confirmação da liberação o Entry Summary é registrado, que é o documento oficial atestando que a importação foi autorizada, seria o equivalente à nossa DUIMP (Declaração Única de Importação – BR).

ASPECTOS CULTURAIS E OUTRAS DICAS IMPORTANTES

Os Estados Unidos são um dos países com maior índice de imigração no mundo, e com um território de extensão continental rico e de uma complexidade cultural muito grande.

Algumas dicas que podem ajudar:

– Estude bem a região específica onde irá atuar – há centros comerciais onde os compradores tendem a ser mais agressivos nas negociações e outros onde tendem a ser mais conservadores. Além do perfil comercial de cada região do país, os Estados Unidos possuem diferentes zonas de fuso-horários, por exemplo, que podem afetar o planejamento de possíveis visitas comerciais;

– Invista em viagens comerciais – o mercado americano valoriza e investe em negócios gerados através de feiras de negócios, workshops e os americanos valorizam a presença física na hora de negociar. Uma dica importante é se atentar aos feriados nacionais americanos na hora de fazer a sua agenda, e aos períodos de férias de verão (junho, julho e agosto), evite-os para não perder tempo em viagens improdutivas;

– Esteja preparado para negociar com todos – como já comentado, os Estados Unidos é repleto de imigrantes, por isso é muito comum exportadores brasileiros fazerem negócios com empresários de outras nacionalidades;

– Seja pontual – mais especialmente na Costa Leste americana, nos arredores de Nova York, o fator pontualidade e agendamento prévio são seriamente valorizados pelos executivos da região, então esteja atento ao horário.

– Busque dividir as responsabilidades – apesar de possuírem uma das maiores estruturas logísticas do mundo, os Estados Unidos sofrem constantemente com o setor de prestação de serviços específicos, como o de motoristas de caminhão por exemplo. A dica é, ao negociar as responsabilidades dentro de uma operação internacional, é desejável evitar INCOTERMS onde o exportador se responsabiliza pela operação em solo americano, DAP e DDP por exemplo;

– Tenha um parceiro de negócios de confiança – é comum que exportadores brasileiros tenham relações próximas com parceiros que possam oferecer todo suporte necessário para o melhor desempenho das operações no destino. Neste caso principalmente Agentes Internacionais de Cargas são parceiros estratégicos que possuem a expertise necessária para dar o apoio que a sua empresa necessita.

Agora que você é um expert do mercado americano, vamos exportar para a América juntos?

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