Exportação de frutas brasileiras
O Brasil é muito conhecido por ser um grande player no cenário do agronegócio, sendo logo lembrado pela exportação de carne e soja, por exemplo. No entanto, nossas terras possuem um grande potencial produtor e exportador em razão do seu clima e fertilidade. Nesse sentido, você sabe como é a produção de frutas brasileiras e qual o impacto delas na exportação?
Atualmente o Brasil ocupa a terceira posição no mundo entre os maiores países produtores de frutas, ficando atrás apenas da China e Índia. Produz-se aqui cerca de 44 milhões de toneladas de frutas, ou seja, há grandes chances da fruta que você consome ser produzida em território nacional. Em destaque na produção brasileira estão os estados de São Paulo, Bahia, Minas Gerais, Rio Grande do Sul e Pará, que exportam principalmente laranja, banana, limão, mamão, abacaxi, uva, maçã, melancia e coco, contabilizando 5 milhares de hectares cultivados. Nesse cenário, deve-se imaginar que o Brasil ocupe uma grande posição nas exportações de frutas, não é mesmo?
Engana-se, contudo, quem olha somente a partir dos volumes produzidos. Mesmo com tamanha fertilidade, o país ocupa a 23ª posição como exportador de frutas no mundo: apenas 3% do que é produzido aqui é exportado!
Em uma década, de 2010 a 2019, registrou-se um crescimento de 5,2% nas exportações de frutas. Pode-se dizer que mesmo lento e cheio de incertezas, o cenário, todavia, é positivo. As frutas brasileiras apresentam qualidade comprovada e a Europa é a maior importadora delas. Em 2019, a Holanda foi destino de 32% das frutas brasileiras exportadas, seguida pelo Reino Unido, com 5%. Espanha, Portugal e Alemanha também são grandes compradores, mas não só de Europa sobrevive o mercado das exportações frutíferas brasileiras. Estados Unidos, Canadá e Argentina marcam presença nos primeiros colocados do ranking, segundo a Associação Brasileira dos Produtores Exportadores de Frutas e Derivados, a ABRAFRUTAS.
Comparativamente, o cenário de 2020 para 2019 teve uma variação de 20%, atingindo o recorde de US$1.060.645.476 exportados em 2021. Com os mercados na Europa consolidados, prevê-se um positivo cenário de crescimento, além do potencial de novos mercados, como a China e outros países asiáticos. Estima-se uma alta na exportação de melão, uva, manga e limão para o Oriente Médio e Emirados Árabes, de acordo com o mercado.
No entanto, não se pode esquecer das diversas exigências aplicadas quando estamos falando de um cenário internacional, como protocolos, análises fitossanitárias e certificados. Para os países islâmicos, por exemplo, é necessária a Certificação Halal, que atesta que a empresa, os processos e produtos seguem os requisitos legais e critérios determinados pela jurisprudência islâmica. Internamente, se vê uma tendência também a aplicar esforços visando demonstrar a qualidade de nossas frutas comparadas ao mercado internacional. Por exemplo, o MAPA (Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento) criou o PIF, Produção Integrada de Frutas, para garantir qualidade e rastreabilidade do processo, proporcionando confiabilidade de que o processo produtivo foi realizado respeitando os direitos humanos e a preservação do meio ambiente, conferindo um selo de certificação ao agricultor.
Pensando no cenário internacional, existem desafios quanto à logística desses produtos. O armazenamento e transporte deste tipo de carga deve ser escolhido cuidadosamente, já que os produtos precisam ser consumidos frescos, e atrasos e a má conservação impactam diretamente na qualidade do produto para venda.
Entretanto, o cenário é promissor. O Brasil pode e vai exportar cada vez mais por ser um dos poucos privilegiados países no mundo com terra, clima e tecnologias para produzir em todas as regiões do seu território durante o ano todo. Comparando o volume do que exportamos e a fruticultura brasileira, percebe-se o tamanho do potencial que o país tem de conquistar o mercado internacional.
Interessantemente notar também que o mercado brasileiro não compete em primeira instância com o internacional, no quesito consumo. Enquanto os brasileiros buscam constantemente por banana, maçã, laranja e mamão, as frutas mais exportadas e de maior retorno econômico são as mangas, melões, uvas, limões e limas. Curiosamente, no entanto, os maiores exportadores de frutas do mundo, Estados Unidos, Equador, China, Chile e Espanha, são também os maiores comercializadores de uva, maçã e banana, o que resulta em uma forte concorrência.
Além disso, não podemos esquecer da importância da laranja para o Brasil e o mundo. Hoje, o Brasil é o maior produtor e exportador de suco de laranja, exportando cerca de 1 milhão de toneladas anuais, o que representa 81,5% do comércio mundial de suco de laranja.
Portanto, a tendência é positiva. Assim como outros mercados, existem obstáculos e desafios a serem superados para que seja possível extrair todo o potencial do país nessa área. Os avanços tecnológicos geram mais expectativas no setor e demandam esforços governamentais para tornar viável o crescimento. Basta, agora, saber se conseguiremos aproveitar o que temos a nosso favor.