O que já mudou no mundo após o conflito Rússia X Ucrânia
O mundo inteiro foi abalado pelas tristes notícias vinda do continente europeu no início deste ano.
O então presidente russo, Vladmir Putin, deu voz de comando para que as tropas russas invadissem a Ucrânia visando a ocupação definitiva do país da antiga União Soviética.
Especialistas em geopolítica apontam que o desejo do kremlin russo é de retomar o antigo projeto da URSS como nação respeitada no cenário internacional por seu poder bélico e econômico e que utilizou o fato da Ucrânia ter acenado para uma possível aliança com a OTAN (Organização do Tratado do Atlântico Norte) como o motivo que faltava para iniciar as operações beligerantes contra a vizinha do leste europeu.
No artigo de hoje vamos detalhar os principais aspectos que foram impactados no cenário internacional por conta desta que já é tratada como a maior guerra do século XXI.
Gargalos logísticos e preços dos fretes
O primeiro impacto sentido na cadeia de suprimentos global foi a paralização das operações nos portos e aeroportos da Rússia e da Ucrânia.
Armadores e companhias aéreas que operam nestes destinos de imediato cancelaram as operações em curso e não estão aceitando mais nenhuma demanda de embarque para esta região.
O primeiro efeito como consequência desta paralização são os gargalos na logística internacional, com cancelamentos e atrasos nos embarques e a necessidade de escoar para outros destinos todo o volume que seria previamente movimentado envolvendo estas nações.
Toda essa alteração na programação e nas rotas impactou o escoamento das demais cargas do continente europeu e Ásia principalmente.
Isso levou ao aumento dos fretes por parte dos operadores para custear todo o retrabalho demandado.
Preços dos combustíveis
A Rússia é o terceiro maior produtor de petróleo do mundo, boa parte dos consumidores de combustíveis fósseis mundiais depende diretamente do país precursor da guerra.
Com todas as sanções econômicas já sofridas pela Rússia e a impossibilidade de escoar o combustível comercializado, a dinâmica do mercado é pragmática: menor oferta, maior demanda, preços elevados!
O petróleo é uma das commodities que sustenta um alto número de setores econômicos, industriais e comerciais.
O valor do barril de petróleo era negociado a aproximadamente USD80,00 em janeiro, e atualmente já ultrapassa os USD100,00.
Esse aumento impacta toda a cadeia global de suprimentos, afetando o preço dos combustíveis para armadores, companhias aéreas, transportadores em geral.
Esse acréscimo é sentido na última ponta quando todos os custos são repassados aos preços dos itens vendidos ao consumidor final.
Além disso, motoristas em geral sofrem com a escassez e preços exorbitantes ofertados nos postos de combustíveis. A falta de gasolina afetou inclusive países como o Reino Unido em muitas de suas cidades.
Aumento do custo de vida
A partir dos estudos compartilhados pelo Fundo Monetário Internacional (FMI), o conflito no Leste Europeu irá causar prejuízos de longo prazo à economia global.
Os primeiros índices registrados como desdobramento do conflito são (i) o desaceleramento do crescimento global e (ii) o aumento da inflação.
Isto se dá principalmente pela insegurança geral por parte dos investidores internacionais, que cada vez mais se sentem forçados a retirarem seu capital de economias emergentes.
Ainda de acordo com o FMI, o consumidor perceberá principalmente o impacto econômico no aumento dos preços dos alimentos e da energia.
Redistribuição da cadeia de suprimentos global
Esse é um fator macroeconômico que engloba, além das consequências da guerra, os impactos da pandemia iniciada em 2020.
Os produtores de commodities perceberam com esses dois grandes fenômenos que havia no cenário internacional uma grande dependência de alguns países específicos acerca de itens de importância elevada.
Bons exemplos foram os equipamentos de EPI’s, respiradores e materiais médicos que estavam concentrados nos fornecedores chineses durante o auge da pandemia. Além disso, como exemplo mais recente vemos a concentração do fornecimento de fertilizantes por parte da Rússia e Ucrânia, cujo conflito impactou diretamente no curto prazo o agronegócio brasileiro.
Como resposta a esta constatação, especialistas em economia internacional apontam movimentos cada vez mais crescentes de uma redistribuição do fornecimento dos principais insumos utilizados pelas indústrias no mundo.
O que se espera é que as grandes concentrações de poder comercial de alguns países sejam mais bem balanceadas, uma vez que essa dependência por commodity tende a diminuir da mesma forma que a exploração de outros produtos tende a aumentar.
Nova ordem mundial das commodities
Apesar das consequências negativas, grandes oportunidades surgiram com a guerra na Rússia e Ucrânia para países produtores de commodities, principalmente da América Latina.
Segundo dados divulgados pelo Bank of América (BofA), alguns fatores em conjunto possibilitam países como o Brasil de adentrarem com ainda mais força no mercado internacional de commodities.
Os aspectos mencionados pelo BofA são o aumento dos preços das commodities, a alta taxa Selic que motiva o investimento internacional e a independência da Rússia e Ucrânia, com exceção dos fertilizantes.
Isto faz com que os países sul-americanos potencializem ainda mais as exportações de óleo de soja bruto, minério de chumbo, grãos e minério de ferro. Toda guerra traz consequências humanitárias e econômicas drásticas.
Apesar de ser uníssono o clamor mundial pelo desejo de dar cabo ao conflito e pela resolução amigável entre as duas nações, vemos que os impactos econômicos não podem ser ignorados enquanto a tão esperada paz não chega.
Nota-se que há muitos indícios preocupantes, principalmente no que diz respeito ao aumento do preço por consequência da baixa oferta de produtos e custos elevados.
Essa elevação dos preços é o que mais afeta a população global, quem no dia a dia sente no bolso os desdobramentos do caos gerado pela guerra.
Em contrapartida, no cenário macroeconômico, o tabuleiro geopolítico está a cada semana mais movimentado, com grandes oportunidades de negócios, principalmente ligadas àquela que vem sendo chamada como “a nova ordem mundial das commodities.”
E neste jogo econômico internacional o Brasil é visto como um daqueles com maior possibilidade de se beneficiar das lacunas deixadas pela Rússia e Ucrânia. Se você gostou deste conteúdo, então continue nos acompanhando e fique por dentro de todas as novidades ligadas aos negócios internacionais e seus desdobramentos.